Existem muitas formas de perceber a passagem do tempo, os calendários são basicamente solares, lunares ou luni-solares. No Paganismo seguimos dois calendários litúrgicos: um solar, que chamamos a "Roda do Ano", geralmente constituído por celebrações dos Equinócios e Solstícios mais quatro momentos de transição entre eles. O outro lunar, genericamente chamados de "esbás" é celebrado nas luas cheias, podendo também ocorrer em outras fases lunares, a depender do grupo e da tradição pagã.
O calendário solar conjuga momentos importantes para a comunidade pagã e tem um carater mais público e coletivo. O calendário litúrgico lunar, via de regra, já é mais restrito a grupos menores, pois durante as celebrações lunares normalmente são feitos trabalhos mágicos específicos para cura, prosperidade, divinação, proteção, etc., e dessas atividades apenas participam um seleto grupo de bruxos e bruxas iniciados nos mistérios da Arte.
Há também muitos grupos de mulheres advindos do Xamanismo, do movimento New Age e do próprio Paganismo, os quais variam enormemente em suas regras e princípios, mas basicamente seguem o calendário Lunar como forma trabalhar a conexão com o Sagrado Feminino.
O calendário lunar é formado por 13 lunações que estão intimamente ligadas ao desenvolvimento das plantas e dos animais e a fenômenos naturais como enchentes de rio, marés, tempestades, etc. Os povos antigos nomeavam esses "meses" lunares de acordo com o seu bioma. A lunação correspondente ao mês de Fevereiro, por ex., era "Lua do Osso" para os Cherokee; "Lua da Pequena Fome" para os Chocktaw; "Lua de Gelo" para os Celtas; e "Lua da Tempestade" na Inglaterra Medieval. Como se pode notar, para todos esses povos esta lunação se dava no auge do inverno, lembrando que todos eles estavam geograficamente localizados no Hemisfério Norte. Pelos nomes, percebe-se que além do frio intenso, esta é uma época de dificuldades para eles. E para nós?
Obviamente no Hemisfério Sul os ciclos naturais são diferentes. E mais: no mesmo Hemisfério encontramos variações bem claras de região para região. Dentro do mesmo país, como é o caso do Brasil, essas variações climáticas acontecem. Assim sendo, não dá para pegar o que está em um livro escrito por um autor norte-americano (que está em outro hemisfério, em outra natureza...) e seguir como uma receita de bolo. Precisamos ser sensíveis e sentir a natureza que está a nossa volta... é isso que faz um pagão, basicamente! Logo, Fevereiro não corresponde à "Lua do Gelo" para nós... (nem gelo nós temos!). Nem a "Lua da Pequena Fome"... pelo contrário, Fevereiro é uma época de fartura e festas.
Apenas "inverter" o calendário pode não funcionar. Pelo menos não para todos os lugares... especialmente no Nordeste e Norte do Brasil: não neva, o lobo é raro, nossa fruta típica não é a blackberry. Então, não faz nenhum sentido nomear nossos meses lunares com características estrangeiras; aqui a gente tem época de muita chuva, diferentes animais emuitos outros frutos.
Então, seja para reunir os bruxos e bruxas em "esbás" mágicos, seja para trabalhar o Sagrado Feminino em grupo de mulheres, senti a necessidade de adaptar o calendário lunar à realidade daqui da região: Meio-Norte, mais especificamente, litoral do Piauí. Fiz essa adaptação com base em pesquisas com calendários Tupi-Guarani, com a Roda do Ano Piaga, com o calendário Lunar Celta e, é claro, utilizei muito de minhas observações pessoais.
Contei com a ajuda e co-autoria do irmão de caminhada Raj Endi Porã (Rafael) para trazer os nomes e significados de cada "mês" lunar. [ATUALIZADO EM 16/09/2020]
Janeiro/Fevereiro - Lua da invernada, ou Lua Quieta: Início das chuvas; limpeza e preparo da terra para plantio. Bom momento para rituais de purificação do lar.
Obviamente no Hemisfério Sul os ciclos naturais são diferentes. E mais: no mesmo Hemisfério encontramos variações bem claras de região para região. Dentro do mesmo país, como é o caso do Brasil, essas variações climáticas acontecem. Assim sendo, não dá para pegar o que está em um livro escrito por um autor norte-americano (que está em outro hemisfério, em outra natureza...) e seguir como uma receita de bolo. Precisamos ser sensíveis e sentir a natureza que está a nossa volta... é isso que faz um pagão, basicamente! Logo, Fevereiro não corresponde à "Lua do Gelo" para nós... (nem gelo nós temos!). Nem a "Lua da Pequena Fome"... pelo contrário, Fevereiro é uma época de fartura e festas.
Apenas "inverter" o calendário pode não funcionar. Pelo menos não para todos os lugares... especialmente no Nordeste e Norte do Brasil: não neva, o lobo é raro, nossa fruta típica não é a blackberry. Então, não faz nenhum sentido nomear nossos meses lunares com características estrangeiras; aqui a gente tem época de muita chuva, diferentes animais e
Então, seja para reunir os bruxos e bruxas em "esbás" mágicos, seja para trabalhar o Sagrado Feminino em grupo de mulheres, senti a necessidade de adaptar o calendário lunar à realidade daqui da região: Meio-Norte, mais especificamente, litoral do Piauí. Fiz essa adaptação com base em pesquisas com calendários Tupi-Guarani, com a Roda do Ano Piaga, com o calendário Lunar Celta e, é claro, utilizei muito de minhas observações pessoais.
Calendário Lunar. Por Luiza Leite. Não reproduza esta imagem sem autorização. |
Janeiro/Fevereiro - Lua da invernada, ou Lua Quieta: Início das chuvas; limpeza e preparo da terra para plantio. Bom momento para rituais de purificação do lar.
Fevereiro/Março - Lua do rio cheio, ou Lua da Semeadura: chuvas mais intensas, início do plantio na terra fértil. Bom momento para colocar ideias em prática.
Março/Abril - Lua das flores ou Lua da tempestade ou Lua da Maré Grande: chuvas intensas; desabrochar das floradas; maior maré do ano na Lua Nova próxima ao Equinócio. Momento de grande força, bom para focar energia em projetos pessoais
Abril/Maio - Lua Verde ou Lua da Primeira Colheita, ou Lua da Vagem: chuvas continuam, terra se
encontra fértil, ocorrem as primeiras
colheitas (milho e feijão).
Maio/Junho - Lua da Benção ou Lua da Fertilidade: colheitas e reprodução
de animais; fartura. Bom momento para investimentos pessoais.
Junho/Julho - Lua do Milho ou Lua Amarela: Transição para a fase de seca. Aquecimento, celebração (festas juninas)
Julho/Agosto - Lua da Gratidão ou Lua da Colheita: últimas colheitas, armazenamento de alimentos, os ventos aumentam. Momento de agradecer as dádivas e preparar-se para um longo período de contenção.
Agosto/Setembro - Lua dos Ventos ou Lua Clara, ou ainda, Lua da Carnaúba: mês extremamente seco, de ventos fortes, cautela e contenção de energias.
Setembro/Outubro - Lua do Babaçu ou Lua Marrom: seca, com chuvas isoladas. Mês bom para construção, mas ruim para plantio. A árvore Babaçu frutifica como um milagre no meio da escassez. Momento de encontrar força através das adversidades.
- Lua de Sangue*: Período desapego, de se livrar daquilo que pesa e dificulta a jornada. Energia concentrada em raízes e troncos.
Junho/Julho - Lua do Milho ou Lua Amarela: Transição para a fase de seca. Aquecimento, celebração (festas juninas)
Julho/Agosto - Lua da Gratidão ou Lua da Colheita: últimas colheitas, armazenamento de alimentos, os ventos aumentam. Momento de agradecer as dádivas e preparar-se para um longo período de contenção.
Agosto/Setembro - Lua dos Ventos ou Lua Clara, ou ainda, Lua da Carnaúba: mês extremamente seco, de ventos fortes, cautela e contenção de energias.
Setembro/Outubro - Lua do Babaçu ou Lua Marrom: seca, com chuvas isoladas. Mês bom para construção, mas ruim para plantio. A árvore Babaçu frutifica como um milagre no meio da escassez. Momento de encontrar força através das adversidades.
- Lua de Sangue*: Período desapego, de se livrar daquilo que pesa e dificulta a jornada. Energia concentrada em raízes e troncos.
Outubro/Novembro - Lua dos Ancestrais, Lua das Almas, Lua dos Mortos: a seca continua a castigar a terra, a natureza está recolhida. Tempo de parar e rever as ações, momento propício para honrar os ancestrais e contactar os espíritos.
Novembro/Dezembro - Lua Cinzenta, Lua do Pequi ou Lua da Transição: A seca diminui, o calor continua intenso. Época de frutificação do pequizeiro.
Dezembro/Janeiro - Lua da Promessa, Lua do Cajueiro, Lua do Renascimento ou Lua Escura: a humidade aumenta, e aos primeiros sinais de chuva a natureza se faz exuberante. Época de frutificação dos cajueiros. Bom tempo para planejar ações a longo prazo.
Novembro/Dezembro - Lua Cinzenta, Lua do Pequi ou Lua da Transição: A seca diminui, o calor continua intenso. Época de frutificação do pequizeiro.
Dezembro/Janeiro - Lua da Promessa, Lua do Cajueiro, Lua do Renascimento ou Lua Escura: a humidade aumenta, e aos primeiros sinais de chuva a natureza se faz exuberante. Época de frutificação dos cajueiros. Bom tempo para planejar ações a longo prazo.
Deixo para expandir os significados de cada lunação em outra postagem -- que essa já está enorme.
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Como eu disse, esta é uma possibilidade de calendário lunar, para o Meio-Norte do Brasil. Caso em sua região seja diferente, faça um favor para você e para sua comunidade pagã: crie seu próprio calendário baseado na Natureza que te sustenta! Não é divertido? =)
~bons ventos~
* Este mês lunar é contado apenas a cada 5 anos, antecedendo a "Lua dos Ancestrais" ou "Lua da Gratidão" alternadamente.
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