sexta-feira, 28 de março de 2014

{Galinhas} sobre morte, pesares e recomeços

Diana, minha akita de 7 meses, nunca demonstrou interesse pelas galinhas, a não ser quando eu ia alimentá-las. Então fiquei tranquila, confiando que ela não faria nada quando não estivéssemos lá. Mas numa noite de trabalho, quando fui dormir quase amanhecendo, peguei um pedaço de pão velho, dei uns farelinhos para Diana e, enquanto ela se distraía, fui escondida jogar o resto do pão dentro do galinheiro. Fui deitar, e era escuro, as galinhas não tinham acordado ainda.

Quando levantei, como de rotina, vou direto ao quintal dar comida às galinhas. Quando cheguei na porta tomei um choque: estavam mortas no galinheiro, Diana as havia matado. Foi um sentimento de desolação tão grande que nem posso descrever. Chamei e briguei com Diana, esfreguei os pintos mortos na sua cara para ela entender que fiquei chateada. Foi choro, raiva, arrependimento, um monte de sentimento ruim. Arrependimento pois ao colocar aquele pão dentro do galinheiro, algo dentro de mim disse que isso iria fazer Diana entrar lá... e não deu outra: ela forçou a tela em um ponto que estava falho, entrou, quebrou o pescoço das galinhas (imagino, pois as galinhas não tinham marca de mordidas e estavam com os pescoços tortos), cavou, e destruiu um monte de coisa lá dentro.

foto do dia anterior ao acidente...
todas descansando na sombra

Eu não posso culpar minha cachorra, nem chamá-la de "assassina", pois é apenas o instinto dela, talvez ela nem quisesse matá-las, ela ficou muito triste nesse dia, sabia que fez algo muito errado depois de me ver chorar e brigar com ela. Mas é um cachorro, provavelmente já até esqueceu disso. Cabe a mim ser mais cuidadosa e ouvir minha intuição!

Por algum desses milagres inexplicáveis, Pirata, o galinho, sobreviveu bem, inteiro, dentro do galinheiro, com todas suas companheiras mortas ao seu redor. Cleópatra também sobreviveu, imagino porque ela sempre tenha sido a mais arisca, estava fora do galinheiro, deitada, em choque. Ficou com algumas sequelas no bico (que ficou torto) e mancando. Mas com muito amor e cuidado, uma semana depois e ela estava novinha em folha! Hoje está uma galinhota virada na gota, que se você se agachar junto dela, ela voa em você achando que você é um poleiro! kkkkkkkkk

Todo esse acontecimento foi muito triste para mim e para meu marido. Enterramos as 5 pintinhas, e apesar de muita gente pensar "ah, eram só galinhas"... não, não eram "só" galinhas. Elas tinham nomes, e apesar de não saberem que tinham nomes, elas tinham personalidade própria, elas tinham uma breve história de vida e toda uma vida de por ovos, ciscar, correr e cacarejar pela frente.

Mas me serviu não só de aprendizado, mas de reflexão. Naquele momento de desolação, quando estive de frente com aquele cenário de morte, pensei nos milhares de sertanejos que vêem seus animais morrerem à mingua na seca, de fome e de sede... e são obrigados a deixar a vida que levam para não morrerem também. A realidade é muito dura e nós somos hiper privilegiados por vivermos numa zona de conforto ilusória onde nosso maior problema rotineiro é a internet que caiu.

Para esse não ser uma post tão triste, fiquem com o banho de areia de Pirata e Cleópatra "os sobreviventes"! =) { adoro vê-los tomando banho de areia hehehe }