quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A utopia das galinhas

O formoso Douradinho, o último a chegar no galinheiro

A gente que gosta dessas coisas bucólicas, sempre imagina a vida no interior como algo de perfeita paz, perfeita harmonia e tranquilidade. Morar numa casa com quintal, ter um cachorro, plantar uma bela horta e criar galinhas...

Esse sempre foi meu céu. E oras, cheguei ao meu céu, mais do que no céu, porque além de tudo tenho um grande companheiro, que eu não poderia imaginar melhor, nos meus tempos de adolescente apaixonada.

Mas bem... não há perfeita paz, nem perfeita harmonia e tranquilidade. Na verdade, nunca haverá algo assim, nem que eu voltasse no tempo e fosse morar entre os idílicos indígenas pré-cabralinos.

Uma coisa é você entender isso racionalmente, outra coisa é você constatar isso no seu dia a dia. E lá vou eu, falar de galinhas... Na minha tenra lembrança infantil, criar galinhas era a coisa mais fácil e gostosa do mundo. Só lembrava que de vez em quando morria uma de mal súbito, puf! Não lembrava que ficavam doentes durante um longo período. Mas parece que criar galinhas tem me ensinado um bocado sobre -- além de criar galinhas, óbvio -- a vida! 


Escândalo (esquerda) e Cleópatra -- a highlander (direita)
Este foi o primeiro ovo de todos, de Escândalo,
que agora resolveu ficar choca toda hora!




















Adquiri novas galinhas depois da trágica morte das minhas pintinhas. Todas garnizés, uma raça menor e de resistência relativamente maior. Elas começaram a por seus ovinhos -- ah, que emoção! Ê coisa linda da natureza, uma generosidade bonita de se ver!

Não passou muito tempo para uma delas -- a melhor poedeira -- ficar doente. Ela começou com um desequilíbrio, e agora nem anda mais, pois cai. É de rasgar o coração... mas faz quase um mês e está vivinha da silva, e ainda põe ovos de vez em quando!!!

Os ovos das minhas galinhas: uma escadinha! rsss
Saborosos como nenhum outro, ovos de verdade!

Porém, certamente ela está sofrendo... pesquisei, pesquisei, achei que poderiam ser mil doenças, fui ao PET shop e disseram que isso poderia ser um surto de Tifo/coléra aviária, que está dando na cidade. Comprei vacina, eu e meu marido demos uma de veterinários amadores (pois aqui não há veterinários que cuidem de galinhas... puro desprezo humano com esses bichos) e tentamos arduamente injetar o remédio em seus músculos intrapeitorais, mesmo sem saber direito onde ficam...

Agora ela está pior. Separei ela das outras e vou continuar dando remédio por algum tempo, mas já ouvi de muita gente antiga que não tem jeito, que tem que sacrificar.

Aí eu olho para Bowie, e vejo ela sofrendo, se arrastando pelo quintal; mas eu vejo ela lutando para viver, com todas as suas forças! Comendo, andado como pode, pondo ovos, ficando brava quando pego ela pra dar remédio.

Bowie guerreira! Quando era uma franguinha saudável.

Meu eu se divide: sacrificar para acabar com o sofrimento dela e também o meu? Continuar tentando até seu último suspiro, por esperança e respeito a sua garra por viver?

Talvez eu esteja mesmo dando muita importância a uma galinha... quem sabe?! Qualquer outra já teria virado ensopado há muito tempo.

Mas acredite, não é uma decisão fácil, quando se tenta entender o que aqueles redondos olhos amarelos sentem.

Fico por aqui, e aconteça o que for... criar galinhas ainda é bom demais, eu não vou parar enquanto tiver quintal.

Esta é a medrosa Mocinha, também andou doente, mas nada fatal.

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