No ninho de Anajé - a Falcoa: {Magia do Mar} Atividade Solunar

O nosso planeta possui vários ciclos naturais, que estão interligados entre si. Geralmente todo pagão está familiarizado com o ciclo solar, lunar e agrícola, celebrados nos chamados "sabás" (calendário solar) e "esbás" (calendário lunar). Mas é difícil ver pagãos envolvidos com os ciclos marítimos. Sim, eles existem e influenciam nossas vidas energética, física e espiritualmente, muito mais do que imaginamos!

Como uma bruxa do mar -- literalmente, uma bruxa que mora perto da praia -- tenho tentado compreender, teorica e praticamente como funcionam os ciclos marítimos. Na minha humilde concepção, qualquer bruxo que se preze, deveria conhecer o ritmo e os segredos da natureza a sua volta.

Bem, voltando ao tema, descobri estes dias, num site de pescaria, a tabela solunar. A teoria solunar foi formulada pelo cientista John Knight que através de observações empíricas, deduziu que em períodos onde a Lua está posicionada de forma conjugada ou antagônica, os seres vivos possuem maior atividade. Na prática, isso quer dizer que no período em que a lua está em trânsito, no zênite (acima de nossa cabeça, ou passando por baixo de nossos pés), e também quando ela está nascendo ou se pondo, -- também vale para o Sol -- são os momentos de maior atividade dos seres vivos. Na verdade, os pescadores já se guiavam há muito por essa "teoria", conhecendo as melhores horas de encontrarem peixes.

Esses períodos ainda são divididos em:

Períodos Maiores: têm aproximadamente 2 horas de duração, embora às vezes possam ser superiores a 3 horas. Começam no momento do trânsito lunar (quando a lua está sobre as nossas cabeças) e do trânsito lunar oposto (quando a lua está sob os nossos pés). Normalmente são os momentos de maior atividade dos peixes durante cada dia.

Períodos menores: são períodos intermediários de menor duração (aproximadamente 1 hora) que coincidem com o nascer e o pôr da lua. Durante estes períodos também se nota um aumento na atividade dos peixes em relação com o resto do dia.

Assim como influencia a vida marinha, influencia tudo aquilo que possui água -- como nós, seres 70% água.

Ou seja, o que acontece conosco nesses períodos? Como podemos usar esses momentos para contribuir com atos mágicos de cura, prosperidade, enfim... São momentos bons para meditar? Que tipo de meditação? Essas perguntas talvez possam ser respondidas com um pouco de lógica mágica (sim, Magia é uma ciência) ou talvez algumas perguntas só conseguiremos responder praticando por erro e acerto.

A atividade solunar proporciona diversas combinações que podem ser usadas a nosso favor. Vou mostrar alguns exemplos (se não está familiarizado com o vocabulário "marítimo" veja glossário ao fim da página):

Ex.1: Quando temos a combinação *Lua cheia (maré de sizígia) - preamar - nascer da lua* uma intensa atividade solunar acontece no dia do plenilúnio, nos horários de meio-dia/meia-noite (zênite luni-solar) e nascer e por-do-sol/lua (observe o exemplo da figura abaixo). No caso do exemplo, podemos combinar a potência energética da preamar durante a maré sizígia, com a atmosfera de equilíbrio entre polaridades, proporcionada pelo encontro do Sol descendente e da Lua nascente, no curto período em torno de 18h. A combinação deste exemplo em específico, sugere um momento favorável para meditação com o intuito de recarregar energias, ou para imantar talismãs de amor ou prosperidade.

Veja, eu usei como exemplo uma fase lunar, combinada com um momento específico da maré (maré cheia = preamar), aproveitando um período solunar, período de intensa atividade vital. Outras combinações podem ser feitas, e apenas mudar o horário, ou a maré, pode ter efeitos completamente diferentes.

figura básica retirada de http://www.tabuademares.com || clique na imagem para dar zoom

Ex.2: Quando temos a combinação *Lua Negra (maré de sizígia) - vazante - logo após o pôr do sol e da lua* uma imensa atividade solunar acontece nessa fase também (veja figura abaixo). Porém, nessa combinação, temos uma energia dissipadora muito forte, ideal para limpezas, e para dar fim à situações indesejáveis. A maré vazante irá levar tudo embora; a lua negra, por sua vez, além de influenciar no poder da maré (a lua negra proporciona marés ainda mais extremas do que a lua cheia!), é uma lua de morte e renascimento, onde trabalhamos com nossa sombra e nossos medos. Na mesma direção, logo após o pôr do sol, entre 18h-23:30h, é o período em que o Sol e a Lua, ambos, viajam juntos em movimento descendente, para começar a "renascer" a partir da meia-noite. E especificamente entre 18:21h e 19:21h, acontece o intervalo de maior intensidade energética (atividade solunar), assim, neste exemplo, o período ideal para um ritual de limpeza.

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Ex.3: Quando temos a combinação *Lua de Quarto Minguante (maré de quadratura) - estofo* Nas fases dos quartos crescente e minguante, temos as marés mais "fracas", ou "marés mortas" e também uma atividade solunar um pouco inferior ao período das marés de sizígia. Mas isso não quer dizer que magicamente deixem de ser úteis, pois sempre devemos estar a fluir com a Natureza, o importante é conseguirmos entrar em harmonia e sabermos usar isso a nosso favor. A lua minguante emana um poder de introspecção, é o momento quando os flúidos tendem a recolher-se em direção da terra. O estofo é o momento quando não há nenhum tipo de alteração no mar (ver glossário); por volta da 10:30h acontece um dos estofos do dia. Poucas horas depois, às 12:30, a lua se põe e acontece o período de menor intensidade solunar. Levando tudo isso em conta, a partir das 10:30h, nessa conjuntura, seria um bom momento para sentar-se quieto e fazer uma verdadeira purificação espiritual, de forma leve e serena, procurando acalmar as "águas interiores".

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Lembro mais uma vez que esses três exemplos ilustrativos são momentos únicos e não devem ser tomados como regra geral, pois a cada passar do tempo, surge uma nova conjuntura e com ela diferentes oportunidades. Você deve usar sua criatividade e, acima de tudo, sua sensibilidade para compreender o que a Natureza tem a nos oferecer no momento. Inicialmente você pode utilizar a tábua de marés para se planejar e entender melhor esses ciclos, com o tempo vai se tornar mais expontâneo.

Um pequeno glossário para quem não está familiarizado:

#Preia-mar (ou preamar) ou maré alta - nível máximo de uma maré cheia.

#Baixa-mar ou maré baixa - nível mínimo de uma maré vazante.

#Estofo - também conhecido como reponto de maré, ocorre entre marés, cerca de meia hora em que não ocorre qualquer alteração na altura de nível.

#Maré enchente - período entre uma baixa-mar e uma preia-mar sucessivas, quando a altura da maré aumenta.

#Vazante - período entre uma preia-mar e uma baixa-mar sucessivas, quando a altura da maré diminui.

#Altura da maré - altura do nível da água, num dado momento, em relação ao plano do zero hidrográfico.

#Elevação da maré - altitude da superfície livre da água, num dado momento, acima do nível médio do mar.

#Amplitude de marés - variação do nível das águas, entre uma preia-mar e uma baixa-mar imediatamente anterior ou posterior.

#Maré de quadratura - maré de pequena amplitude, que se segue ao dia de quarto crescente ou minguante.

#Maré de sizígia - as maiores amplitudes de maré verificadas, durante as luas nova e cheia, quando a influência da Lua e do Sol se reforçam uma a outra, produzindo as maiores marés altas e as menores marés baixas.

#Zero hidrográfico - nível de referência a partir da qual se define a altura da maré; é variável em cada local, muitas vezes definida pelo nível da mais baixa das baixa-mares registadas (média das baixa-mares de sizigia) durante um dado período de observação maregráfica.